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AS METRAGENS MÍNIMAS PARA SALA, QUARTO, COZINHA E QUARTO DE BANHO

Quem nunca se viu espremido entre a mesa e a cadeira para outra pessoa poder conseguir passar atrás?

Essa é uma das situações mais emblemáticas do mau dimensionamento de ambientes e dos itens que os compõem.

Mas pode-se escapar do problema: antes de montar a casa, saque a fita métrica, meça móveis e paredes e certifique-se de que restará espaço para transitar.

“É preciso criatividade, pois as moradias estão cada vez menores”, diz a arquiteta Elisa Gontijo. Assim, não há como seguir à risca a ergonomia ideal apontada nos livros de arquitectura, as metragens variam de acordo com as particularidades.

“Porém, existem distâncias mínimas a serem praticadas”, enfatiza o designer de interiores ROBERTO NEGRETE. Para que saiba como pôr em ordem os cantos mais apertados, montámos layouts de quatro compartimentos, tomando como base móveis e electrodomésticos de tamanho padrão e respeitando o mínimo exigido de área livre.

Atenção: as ilustrações mostram portas de 80 cm de largura, pois essa medida permite a passagem de pessoas em cadeira de rodas. Mas, em imóveis prontos, geralmente as passagens são menores: 70 cm em quartos e 60 cm em quartos de banho.

Disposição eficiente nas salas de estar e jantar

  • Portas: a de entrada no imóvel costuma ser a mais larga, com 80 cm. Neste e nos outros ambientes, é fundamental deixar desimpedido o ângulo da abertura – só dispense esta recomendação no caso de modelos de correr.
  • Circulação: 60 cm bastam para uma pessoa transitar sem aperto, portanto, tente manter esta medida em todas as áreas de passagem. Se receber a visita de uma pessoa de cadeira de rodas, irá precisar afastar os móveis.
  • Jantar: a mesa quase encostada na parede liberta mais espaço para a movimentação e possibilita até mesmo que um aparador ocupe a parede em frente, deixando uma largura disponível de 1,35 m. Note que entre um dos pares de cadeiras e a parede atrás dele sobram 60 cm, intervalo que proporciona conforto quando alguém se senta ou se levanta – caso as cadeiras tenham braços, aumente essa distância em 20 cm. Do lado oposto, a outra dupla de assentos está de costas para o acesso aos quartos. Por essa razão, ali deve ser deixado um caminho de 80 cm, a fim de não prejudicar a circulação mesmo quando alguém empurrar a cadeira para trás.
  • Estar: para incluir uma mesa de centro em salas estreitas, só abrindo mão do padrão recomendado de 60 cm livres. Entre a mesinha e o sofá, e entre ela e a poltrona, a distância mínima aceitável é de 40 cm – ainda assim, será preciso passar de lado caso alguém esteja sentado. Se a rack tiver gavetas, que se estendam por cerca de 30 cm quando abertas, irá ser necessário deixar um intervalo maior, de 50 cm, desse móvel até a mesa.
  • Sofá: entre o braço do estofado e a parede vizinha devem restar 10 cm, respiro suficiente para abrigar a cortina. A mesinha lateral também fica afastada alguns centímetros.

Cozinha: a área de trabalho determina os intervalos

  • Circulação: estabeleça um corredor de 1 m de largura sem barreiras. A distância supera a de outros compartimentos para garantir a mobilidade de duas pessoas – enquanto uma usa a bancada, a pia ou o fogão, a outra transita com segurança, já que muitas vezes é necessário carregar louças e pratos quentes.
  • Portas: por causa dos electrodomésticos, as aberturas neste ambiente costumam medir 80 cm. Nesta planta, a porta de entrada e a da geladeira não podem ser movimentadas ao mesmo tempo. Na prática, isso não costuma ser um problema pois, no dia a dia, é comum que a cozinha permaneça aberta, com a porta encostada na parede lateral. Se preferir, adopte um modelo de correr, como foi feito no acesso à lavandaria, junto do fogão.
  • Electrodomésticos: tenha atenção redobrada às posições do frigorífico e do fogão. Como esses equipamentos geram calor, que precisa ser dissipado, não podem ficar encostados nas paredes nem nos móveis adjacentes. O manual técnico de cada produto informa os distanciamentos específicos, mas, de um modo geral, o sugerido pelos nossos consultores é a partir de 10 cm de cada lado.
  • Fogão: quando o forno está aberto, é importante que restem livres 65 cm ou mais para que se consiga agachar, tirar o recipiente do interior e levantar sem o risco de esbarrões.

O quarto pede corredores de 60 cm

  • Cama: nas duas laterais, preserve a passagem mínima de 60 cm. Numa planta como esta, essa largura possibilita que o morador se sente para calçar os sapatos e ainda admite duas mesas de cabeceira, com folga entre o colchão e a parede.
  • Guarda-roupa: mantenha também 60 cm desimpedidos à frente dele. Cada porta de um armário de três portas pede cerca de 45 cm quando aberta, e as gavetas podem chegar a 40 cm. Se optar por um modelo com profundidade maior, ele deve contar com portas de correr.

Quarto de banho pequenino, porém funcional

  • Porta: em geral, mede 60 cm, abertura inviável para quem depende de cadeira de rodas. Com uma planta estreita e alongada – o exemplo desta, usual em apartamentos novos –, o quarto de banho tem de estar fechado para que se possa abrir a porta do móvel do lavatório. O vão de entrada do ambiente determina a profundidade do móvel: já que previmos uma porta acessível, de 80 cm, a bancada fica com no máximo 48 cm.
  • Sanita: os 60 cm entre ela e a parede oposta garantem o acesso ao chuveiro. Cada lateral da sanita deve distar ao menos 30 cm dos elementos vizinhos, o que dá mais conforto ao usuário e permite encaixar um caixote de lixo e uma papeleira no piso.
  • Área de banho: 90 cm é a largura mínima para a boxe do chuveiro. Assim, o morador agacha-se e movimenta-se livremente enquanto se ensaboa, lava o cabelo e se enxuga.

Fontes de consulta: arquitectos Elisa Gontijo e Roberto Negrete, e livro Las Dimensiones Humanas en los Espacios Interiores, de Julius Panero e Martín Zelnik.