Questões relacionadas à influência do ambiente de trabalho sobre a saúde dos trabalhadores, vem cada dia mais merecendo a atenção de pesquisadores de todo mundo. De entre as diversas actividades de trabalho executadas pelo homem nos diversos ambientes, o trabalho de processamento de dados vem merecendo destaque, especialmente a digitação, a qual é realizada pelo indivíduo que actua directamente com a entrada de dados ou informações nos equipamentos informáticos.
O trabalho de digitação pode ser considerado simples do ponto de vista intelectual, repetitivo após a aprendizagem, passando a ser automatizado, muitas vezes levando o indivíduo que o desenvolve, ao desinteresse e falta de estímulos para sua realização. É preciso ressaltar que, por menor que seja, há sempre utilização de carga mental para que o trabalho seja executado com qualidade. Qualidade esta, que pode ser comprometida se o ambiente não for adequado podendo causar problemas visuais, posturais e musculares (MACIEL, 1985; PARAGUAY, 1987).
Focando os problemas posturais, estes podem ser causados pelo emprego de inadequada postura quando do desenvolvimento da tarefa ou devido à utilização de mobiliário inadequado. Segundo KNOPLICH (1989), toda a posição que o corpo adquire no espaço, corresponde a um eixo de equilíbrio harmónico, pela acção constante da coluna vertebral, que possui as funções de sustentação do organismo desempenhada pelos ossos (vértebras e discos); de movimentação do corpo, executada pelas articulações e músculos que se desenvolvem em várias camadas nas costas e a função de protecção da medula nervosa. Grupos musculares específicos apresentam um papel fundamental para a manutenção, sustentação do posicionamento e movimentação da coluna vertebral, estes actuam como ponto de apoio e referência para a maior parte das forças que chegam ou partem do corpo, numa relação homem e mundo exterior. A coluna vertebral apresenta como unidade funcional na sua parte anterior os corpos vertebrais e discos intervertebrais, os quais possuem a função de “amortecedor mecânico de choques” e suporte de peso (BARREIRA, 1989).
Postura é definida pela Academia Americana de Ortopedia (apud BARREIRA, 1989) como sendo um arranjo relativo das partes do corpo e defini-se como critério de boa postura, o equilíbrio entre as estruturas de suporte do corpo, os músculos e os ossos. Segundo essa mesma entidade, a má postura ocorre quando existe falta de relacionamento entre as várias partes corporais, o que induz ao desequilíbrio do corpo nas suas bases de sustentação. A má postura leva a doenças e está associada a problemas musculares e emocionais. Rev.Esc.Enf. USP, v.31, n.3, p.368-86, dez. 1997. 369 A postura divide-se em dinâmica e estática. A postura dinâmica é o equilíbrio adequado na realização dos movimentos de deslocamento do corpo, os quais devem ser executados sem dor. Quando isso ocorre, vértebras, discos, articulações e músculos executam essa função sem desgaste ou danos. A postura estática é definida como o equilíbrio orgânico do homem na posição parada (de pé, sentado ou deitado), em situação que não cause danos às estruturas citadas nem produza dor, quando essa posição for mantida por longo período de tempo. (KNOPLICH,1989). O homem ao desenvolver as suas actividades de trabalho assume várias posturas. Especificamente para o desenvolvimento da actividade de digitação é adoptada a posição sentada, sobre a qual passamos a desenvolver.
Na posição sentada, 50% do peso corporal do indivíduo recai sobre as tuberosidades isquiáticas, as quais são adequadas para suportar grandes pressões quando o corpo está em contacto com o assento da cadeira; 34% do peso corporal recai sobre a região posterior da coxa e 1% do peso corporal sobre as plantas dos pés.
Baseado neste princípio considera-se como posição correta para o trabalho sentado aquela conseguida com a cadeira e postura adequadas, ou seja, aquelas que mantenham as curvaturas fisiológicas da coluna vertebral com pouca sobrecarga dos discosScreen Shot 2016-07-02 at 14.30.36 intervertebrais evitando retenção venosa de membros inferiores (KNOPLICH, 1989; COUTO, 1978). KNOPLICH (1989) recomenda que na posição sentada os dois pés fiquem apoiados no chão, o tronco reto, a cabeça erguida olhando para a frente e as costas apoiadas no espaldar da cadeira. O autor reconhece que a permanência nessa posição por períodos de tempo prolongados é quase impossível, portanto, algumas medidas devem ser tomadas a fim de proporcionar conforto ao trabalhador. As condições ergonômicas consideradas ideais para o trabalho sentado de acordo com COUTO (1978) são as seguintes: a cadeira deve permitir que o peso do corpo incida mais sobre a tuberosidade isquiática, sem grande sobrecarga. da parte posterior da coxa; permitir o retorno venoso da fossa poplítea; não empurrar o sacro para frente; não propulsionar o indivíduo para frente nem para trás; deve permitir o apoio adequado do dorso; juntamente com os braços da cadeira, permitir movimentos laterais; os cotovelos devem estar na altura da bancada; a cadeira em conjunto com a bancada não deve limitar movimentos dos membros superiores.
Sempre que uma tarefa puder ser executada na posição sentada, o posto de trabalho poderá ser planejado ou adaptado para essa posição afim de proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização e operação adequadas para o seu melhor desempenho e produtividade, devendo a cadeira e a bancada serem compatíveis com o tipo de trabalho a ser executado; possuir área de trabalho de fácil alcance visual para o operador e características dimensionais que possibilitem posicionamento correto e movimentos necessários para pernas e pés do operador. Em relação à cadeira, a referida norma, estabelece que os assentos e o encosto não devem propiciar condições de fadiga para o indivíduo e devem possuir requisitos mínimos de conforto, quais sejam: altura ajustável à estatura do trabalhador e natureza da função exercida; suporte para os pés de forma a mantê-los apoiados e as pernas fazendo um ângulo reto com os pés e as coxas; características de pouca ou nenhuma forma na base do assento; forma de encosto levemente adaptado ao corpo para projeção da região lombar; bordo frontal do assento arrendondado.
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